segunda-feira, 31 de maio de 2010

Explicação da matéria sobre o sling - Beach Co

Vim aqui dar essa explicação porque entrevistei muitas pessoas para essa matéria, mas só metade saiu na revista. Motivo? Edição. Minha editora disse que a matéria estava muito ao estilo "USO E APROVO", por isso o corte. Assim, três das minhas queridas entrevistadas - que me deram seu tempo e confiança - ficaram de fora: Renata (mãe da linda Maria Fernanda), Danielle (mãe do gato do Theo) e Roberta (que eu aborreci para entrevistar - mãe da Isa e do Enzo) acabaram sendo cortadas do texto. Queridas, me perdoem, mas foi além da minha vontade. Abaixo, publico o texto completo, como escrevi e enviei para que saibam o quanto me ajudaram. Beijo grande, Flávia.


* Ah, aqui o espaço é meu, aproveito para divulgar o site das marcas que colaboraram comigo!!! rs


Mãe Canguru

Ainda visto com certo estranhamento no Brasil, o sling tem conquistado seu espaço no cotidiano das mães que vêem no produto uma forma prática de carregar o bebê, dando-lhes liberdade para realizar outras atividades. Essa faixa de tecido que se ajusta ao corpo do adulto permitindo o transporte de crianças de até 20 quilos, está sendo adotada com sucesso na região, trazendo diversas vantagens para pais e filhos

* Flávia Souza


Desde que nasceu Içara tem o conforto de ser carregada pela mãe, sentindo o calor do seu corpo, a sua respiração e até as batidas do seu coração, sem precisamente estar envolta em seu abraço maternal. Isso porque a mãe em questão é Bruna Leite Santana, mulher que se desdobra durante o dia para dar conta de todas as suas atividades. Profissional autônoma, Bruna carrega Içara para todos os lados e juntas mãe e filha vão chamando a atenção nos lugares em que passam, já que a pequena é carregada num sling – faixa de tecido que ajustada ao corpo permite o transporte de crianças de até 20 quilos deitadas, sentadas ou nas costas do adulto.
Içara tem um ano e cinco meses e já anda, mas não é para todos os lados que Bruna consegue levá-la em carrinho. “Sem sling minha vida seria inviável. Ando muito de ônibus e com ele consigo ir para onde quiser, levando a Içara junto, e ainda tenho as mãos livres para fazer o que for preciso”, relata. Bruna afirma que usa sling desde que sua filha nasceu. “Ela já saiu da maternidade no sling, acostumou a ser carregada desta forma”, conta.
O que para elas já é rotina, ainda é novidade para grande parte da população da Baixada Santista. “Aqui as pessoas não estão habituadas porque nós, brasileiros, não temos essa tradição. Mas o sling existe desde a antiguidade, já que há séculos as pessoas da Ásia e África, e também nas tribos indígenas, usam panos para transportar crianças”, relata Bruna, que mora em Praia Grande. Ela também confecciona e vende slings com a marca Kika de Pano.
A santista Patrícia Rogélia, mãe do Pedro de um ano e cinco meses, é mais uma fabricante de slings na Região. Detentora da marca Amor em Fios, ela fez seu primeiro carregador quando engravidou, há quatro anos. Patrícia perdeu o bebê ainda na gestação, mas não parou de fazer slings. “Minhas amigas viram e pediram. Fiz vários para conhecidas até começar a comercializar o produto. Hoje, utilizo com o meu bebê e vendo cerca de 80 por mês. É algo que está começando a se difundir em nossa cultura, mas ainda tem muita gente que estranha quando vê”, fala.
A professora Camila Genaro, moradora de Santos, também enfatiza a reação das pessoas. “O Murilo tem um ano e quando saio com ele no sling acabo chamando a atenção. Tem gente que chega a me parar na rua para perguntar sobre o carregador ou para criticar”, relata. Camila também é mãe de João Pedro, de quatro anos, e diz que se sente bem com o produto. “Ele me traz comodidade. Usando o sling consigo proteger meu bebê do sol e da chuva, além de ter maior privacidade para amamentá-lo. Tudo fica mais prático, pois também posso sair sozinha com meus dois filhos e até pegar ônibus porque tenho a mão livre para segurar o mais velho”.
Também mãe de dois filhos, Roberta Guedes, de Praia Grande, é uma usuária “antiga” do carregador. Adquiriu o seu pouco antes da filha mais velha, Isabela, nascer em 2006. “Se hoje causa estranhamento, na época era muito pior. Diversas vezes ouvi que críticas de desconhecidos por levá-la no sling, mas não ligava porque conhecia a eficácia e segurança proporcionada pelo carregador. E se naquele período já me foi útil, quando o Enzo nasceu, em 2008, foi ainda mais vantajoso pois precisava ter as mãos livres para a Isa, que andava sentadinha no carrinho ou caminhando comigo. Esse acessório me salvou em muitas ocasiões, tornando mais prática minhas idas à supermercados e bancos, por exemplo”.
A secretária Danielle Dantas Batista, do Guarujá, é mais uma adepta do carregador de pano. “O Theo está com seis meses e desde que nasceu o carrego no sling. Ele também foi meu trunfo quando voltei da licença maternidade, já que tenho a oportunidade de levar meu filho junto para o serviço. Trabalho próximo à minha residência, geralmente vou a pé levando o Theo no carrinho. Mas durante o dia, ele cansa de ficar só deitadinho e pede meu colo, aí entra em ação o sling, meu principal aliado no meu dia-a-dia profissional”.
A bancária santista Renata Lígia Tavares Burrone, mãe de Maria Fernanda de nove meses, afirma que não fica sem o sling. “Minha bebê nunca gostou muito de ficar no carrinho, mas no sling ela fica bem e sinto que a acalma também, acho que porque ela dorme ouvindo o coração de quem a está carregando. E sinto que é algo que fortalece a relação entre mãe e bebê”, afirma. A psicóloga Fernanda Pinto de Almeida, santista que há quatro anos vive na África do Sul – onde os carregadores de pano fazem parte da cultura das mães, comprova os sentimentos da bancária: “Quando observo os bebês daqui enroladinhos no corpo da mãe por meio da faixa de tecido, vejo-os tranqüilo. Acredito que isso se dá pela proximidade física, do contato do corpo da mãe com o seu corpinho. Essa intimidade criada desde os primeiros dias de vida permite um compartilhar de experiências sensoriais que o carrinho por si só não traz. Ao me dar esse prazer, nessa forma especial de estar tão próximo de alguém, é o mais inspirador”, diz ela, que também é mãe do bebê Benjamin, de um aninho.
Mas não são apenas as mães que têm o privilégio de desenvolver essa interação com o filho por meio do uso de sling, papais e vovós também gostam de utilizá-lo. Esse é o caso de Sônia Lígia Tavares Burrone, vovó de Maria Fernanda. “Sou eu quem cuida dela enquanto os pais estão no trabalho e passo boa parte do tempo com a pequena no sling”, conta. O bancário Rodrigo Pravelo Chiavone, pai de Lívia, que está com dois meses, adquiriu o seu carregador quando a esposa ainda estava grávida. “Providenciei meu sling antes da minha bebê nascer e o uso desde os seus primeiros dias de vida. Esse contato de carregá-la bem juntinho ao meu corpo traz uma sensação inexplicável e vejo que a Lívia se sente bem quando está nele, porque logo dorme. É muito confortável para a criança ser carregada dessa forma, pois além de aconchegante, eles também ficam bem protegidos”.
Resguardar o bebê é importante, principalmente nos primeiros meses de vida afirma a pediatra santista Keiko Miyasa Teruya. “O uso desse tipo de carregador traz muitas vantagens tanto para o bebê quanto para os pais. Sendo carregada no sling, a criança não fica tão exposta e acaba mais protegida das infecções. O produto também traz outros benefícios para a saúde do bebê, ele é ótimo usado com pequenos que sofrem de cólicas e refluxo gastroesofágico (condição em que o conteúdo ácido do estômago é regurgitado, podendo causar dor de garganta, sufocamento, engasgos, tosse e outros problemas de saúde)”, revela a médica.
Para combater as dores de barriga comuns nos primeiros três meses de vida, os pediatras aconselham a colocar o corpinho do bebê junto ao corpo da mãe (ou pai), um de frente para o outro. O calor do corpo esquenta a barriguinha do pequeno, diminuindo as cólicas. Já em situações em que o menor sofre de refluxo a indicação é que os pais mantenham o bebê parcialmente na vertical, especialmente quando estiver mamando, ajudando a diminuir o refluxo. E nisso o sling é um grande aliado, pois colocando o filho na posição vertical dentro do carregador após cada mamada, melhorará a digestão do bebê, minimizando o problema.
Drª Keiko enfatiza, ainda, a importância do contato direto que os pais mantêm com os filhos dentro dos carregadores. “A criança fica nove meses em contato direto com a mãe. Quando nasce esse contato pode ser prolongado por meio do sling e o aconchego junto ao corpo materno é importante, pois o toque tem um papel fundamental na vida das pessoas. Estudos revelam que o contato pele com pele contribui com o desenvolvimento emocional do bebê, que tem a sensação de apoio e companhia, tornando-se uma criança mais calma”. A médica lembra, também, o quanto o sling tem sido importante dentro dos berçários de hospitais. “Há 18 anos que maternidades na Baixada Santista têm salvado vidas usando a técnica de carregar o bebê prematuro”, conta. Chamado Mãe Canguru esse método tem sido usado em maternidades brasileiras há mais de 30 anos, ganhando o reconhecido pelo Ministério da Saúde como política fundamental de atenção ao recém-nascido prematuro.
Por imitar a posição natural dos braços maternos ao carregar o bebê, o sling não traz nenhum tipo de prejuízo para coluna da criança. “Mesmo se usado nos primeiros meses de vida da criança, o sling não traz nenhum dano físico ao pequeno, isso porque ele fica encaixadinho de uma forma que segue a linha da coluna, não pressionando diretamente nenhum ponto. E quando a criança já começa a sentar, ele continua sendo recomendado por manter as pernas da criança juntas, não as forçando a ficarem abertas, numa fase em que as articulações do quadril ainda estão se formando. Diferente do canguru tradicional, que só pode ser empregado em bebês maiores de seis meses e se utilizado frequentemente pode deformar as perninhas da criança, que normalmente ficam tortas”, afirma o ortopedista da clínica santista Ortocenter, Dr. Celso Lucchesi.



Sling na cultura africana


* Depoimento de Fernanda Pinto de Almeida à Revista Beach Co

É comum ao meu dia-a-dia na África do Sul ver tantas mulheres carregarem seus filhos nas costas. Uma das primeiras memórias que tenho, desde que cheguei aqui há quatro anos, é de uma mulher no aeroporto, com o corpo inclinado pra frente, enrolando um bebezinho de uns três meses nas costas com um cobertor. Eu observei, espantada, essa mulher apertar o cobertor em nós em frente ao peito e atar o bebê ao seu corpo com uma destreza impressionante. Tendo concluído o processo, e com as mãos livres, ela agarrou duas maletas e saiu com pressa pro saguão de embarque, balançando aquele pacotinho nenê nas costas.

Eu viria essa cena uma centena de vezes por aqui. Eu obviamente não desconfiava que viria a casar aqui e ter meu filho anos depois, e que essas cenas influenciariam minha maneira de pensar meu corpo, o do meu filho, e nas relações entre eles. Eu continuo observando o carregar nas costas com um certo espanto; não por ser uma curiosidade 'exótica', mas uma tradição das populações nativas africanas; eu continuo a questionar não só minhas noções de maternidade/paternidade, mas também - e sobretudo - de infância. Os bebês-nas-costas participam ativamente da vida social: eles são visíveis como parte essencial do próprio corpo da mãe, eles estão no supermercado, nas ruas, nos shoppings, estão na igreja, vão pra cozinha, andam no sol e às vezes pegam chuva. Os bebês-nas-costas são crianças que sentem cheiros, que ouvem o coração da mãe bater e o sentem quase como se fossem o seu. Os bebês-nas-costas observam - e eu sempre os pego observando - o mundo de um ponto de vista privilegiado, eles avaliam a paisagem na segurança daquele pequeno embrulho, e as mães continuam fazendo suas coisas com eles sentadinhos ali.

Esses bebês me impressionam porque eu os vejo confidentes e tranquilos, eu nunca os vejo chorando, batendo braços ou fazendo chilique pra mãe comprar Toddyinho. E ainda assim eles têm tanta vida! Eles compõem o corpo da mãe, a materialidade do 'corpo de mãe' que eu viria a encaranar. Eu passei a ver o meu corpo como uma memória corporal do meu filho, um lugar de referência social que é mais que mero aparato biológico, que é uma espécie de moradia, uma casa, lugar morno e acolhedor de onde aprendemos a olhar o mundo e nossas experiências nele. Pensar o lugar do corpo da mãe/bebê é pensar o corpo da mulher e da criança na vida social, essa corporeidade da criança muitas vezes relegada aos Barneys e Backyardigans, e privada de toques, de respiração, de cheiros que compõe nossa memória afetiva e sensorial.

Na África do Sul, como em tantos "terceiros mundos", as noções de 'primitivo', de 'selvagem', de 'tradicional' em oposição ao 'civilizado', ao 'moderno', encontra inúmeros problemas. Eu acredito que a proximidade física, o contato constante entre corpo da mãe (e do pai!) e do bebê, permite a criação de uma intimidade quase ontológica, de um reconhecimento dos limites do corpo, de um compartilhar de experiências sensorias na vida social que o carrinho, e sua suposta "praticidade", ignoram. Se os bebês-nas-costas (ou do lado, ou na frente) serão adultos mais fortes, belos e inteligentes, isso já é outra história, e certamente impossível argumentar. Não estou empenhada em defender fórmulas de como criar bebês ou do que é ser mãe/pai. O que me interessa mesmo é me dar esse prazer, essa comunicação, esse entendimento que parece tornar sagrado o aqui e agora, essa forma especial de estar tão próximo a alguém, tão presente. E essa intimidade, essa beleza que a África do Sul tornou banal e corriqueira, é uma de suas características mais inspiradoras.


* Fernanda Pinto de Almeida é santista, mestranda em Psicologia na África do Sul e interessada nas relações de raça/gênero em saúde mental e políticas públicas. Tem orgulho de ser mãe do Benjamin, usuária de sling, mas apesar de todo esforço e dedicação ainda não dominou a arte africana de carregar bebês


Benefícios

* O sling atua como incubadora natural para bebês prematuros, fornecendo a temperatura ideal através das trocas de calor com a mãe. Bebês "slingados" ganham peso e se desenvolvem mais rapidamente.
* O carregador acalma e reduz o estresse. Previne os choros e as cólicas, melhorando também a digestão, os refluxos e o sono do bebê.
* Seu formato ergonômico respeita a espinha dorsal tanto do bebê quanto de quem o carrega. E permite que o bebê mantenha as perninhas juntas em uma fase em que suas articulações ainda estão se formando.
* O carregador aumenta a autoestima do bebê, pois ele recebe mais carinho e atenção do que estando no carrinho ou bebê-conforto.
* O sling protege, ainda, a criança do sol e do vento. E facilita a circulação em meio a multidões e lugares com desníveis ou de difícil acesso.
* Ele é prático, confortável, lavável, dobrável, leve e seguro

Sling Seguro
No mercado existem vários tipos de slings sendo comercializados (conheça no quadro abaixo), por isso é importante a mãe estar atenta antes de finalizar uma negociação. “É necessário saber que tipo de tecido o fabricante usa, pois não pode rasgar ou causar qualquer tipo de acidente com o bebê. Assim, prefiro usar apenas três tipos de tecidos: os que sejam 100% algodão, entre 120 e 170 gramas; malha PV com composição de 63% de poliéster e 27% de viscose; e por fim o Dry Fit, tecido de 100% poliester utilizado em roupas esportivas ideal para o verão brasileiro, podendo ser usado no banho de chuveiro, mar ou cachoeira. Além de resistentes, esses panos deixam passar o ar, não provocando calor excessivo no bebê e nem alergias – com exceção do Dry Fit, que não é recomendado para recém-nascidos e nem para crianças alérgicas”, alerta Bruna, do Kika de Pano.
A argola usada em alguns tipos de carregadores também merece atenção. Segundo a fabricante Patrícia Rogélia, do Amor em Fios, existem argolas próprias para sling, feitas em aço inox sem emendas. “No Brasil existem também argolas de alumínio ejetado e de nylon – nesses dois últimos casos o comprador tem que estar atendo para que elas não tenham emendas e nem ranhuras – para que não furem nem rasguem o tecido”.
Outro dado que merece atenção é o tamanho do produto. Geralmente eles são fabricados nos tamanhos P, M, G e GG. Para que o bebê fique adequadamente posicionado, o comprador deve adquirir o produto no tamanho certo de quem vai utilizá-lo. A posição correta é a que deixa o bebê acima da altura do umbigo do adulto, para que o peso seja bem distribuído sobre toda a coluna. As fabricantes também ensinam que o sling deve estar posicionado corretamente sobre o ombro, evitando que ele fique muito perto do pescoço para não causar dores musculares.

Como carregar

Ao vender o produto, os fabricantes costumam enviar junto o manual ensinando como usar o carregador. Para melhorar o entendimento dos compradores, alguns também mandam um CD com vídeo explicativo. Neles, os pais aprendem que existem vários modos de carregar os menores dentro do sling. Bebês pequenos devem ficar completamente dentro da rede. Já os maiores, que vão sentadinhos, devem ter um bom apoio. Antes de sair os pais devem se certificar de que o bebê pode respirar dentro do sling. Outra observação importante é que o queixo e o peito do bebê estejam com pelo menos um dedo de distância.

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